No congresso realizado, pouco antes da Copa do Mundo 1978, a FIFA decidiu aumentar o número de equipes de 16 a 24 para 1982. Já estava na hora. A família do futebol tinha crescido, e era necessário espaço para os novos membros.
Ausentes desde 1970, Bélgica, Inglaterra, El Salvador, Tchecoslováquia e União Soviética, retornaram ao Mundial. Esta também foi a primeira Copa do Mundo com a participação de todos os continentes, algo que só se repetiria 24 anos depois. A Nova Zelândia, a Argélia, Camarões e o Kuweit faziam a sua estréia em Mundiais, assim como a disputa por pênaltis, que embora já existisse em 1978, não foi utilizada por falta de necessidade.
Na primeira partida da Copa, a Argentina jogou com a Bélgica, em Barcelona. A multidão catalã estava ansiosa para ver o novo jogador do Barcelona, Diego Maradona em ação. Entretanto, foi da Bélgica que veio o destaque da partida: Erwin Vandenbergh fez o gol da vitória belga por 1 x 0 sobre os atuais Campeões. Neste mesmo grupo, o C, tivemos a maior goleada da História das Copas: Hungria 10 x 1 El Salvador, com um hat-trick de Laszlo Kiss, marcado em apenas sete minutos. A Hungria, porém perdeu seus outros dois jogos, e acabou eliminada.
A Itália foi para a Copa do Mundo ainda muito abalada pelo Totocalcio, um Escândalo da Loteria Esportiva Italiana, que envolveu corrupção de jogadores, e inclusive fez o centroavante Paulo Rossi ficar dois anos sem jogar. Mesmo comandada pelo grande técnico Enzo Bearzot, e com craques como Dino Zoff, Graziani, Antognoni, Scirea e Tardelli, além do próprio Rossi, somados a bons jogadores como Cabrini, Bergomi e Conti, a Itália não empolgava sua torcida, ainda traumatizada pelo Escândalo. A campanha na primeira fase, não foi nada boa, com três empates: 0 x 0 contra a Polônia, na estréia, 1 x 1 contra o Peru no segundo jogo, e 1 x 1 contra a surpreendente seleção de Camarões.
O Brasil contava com craques, como Zico, Falcão, Sócrates, e o Júnior, intérprete do Sucesso Voa, canarinho, voa!, que embalou o Brasil em campo, empolgando a torcida e transformando o time no Favorito à conquista, com o Futebol da primeira fase. A seleção chegou na Espanha como favorita, e era tratada como uma legião de extraterrestres pelos estrangeiros. O Brasil trazia inovações táticas, com laterais com tendências de interiores, ataque em bloco, jogadores alternando entre a ponta e zonas centrais, e intensidade. Uma fórmula que tornava o time canarinho muito forte, mas não imbatível.
O Brasil ficou no Grupo F, ao lado de União Soviética, Escócia e Nova Zelândia. A estréia foi contra o forte time Soviético, de Dasaev e Blokhin, que complicou bastante para o Brasil, e até saiu na frente do placar. Mas o Brasil virou o jogo, com um tento de Sócrates e um golaço de Éder. Contra a Escócia, de Kenny Dalglish, o Brasil novamente saiu atrás, mas virou, aplicando um 4 x 1, com gols de Zico, Oscar, Eder e Falcão. A terceira partida, foi a grande consagração: Goleada de 4 x 0 sobre a Nova Zelândia, com Zico marcando duas vezes e Falcão e Serginho completando o marcador.
Sem grandes surpresas, a Copa do Mundo transcorreu até a sua segunda fase, onde 12 equipes foram divididas em quatro grupos de três times. O primeiro de cada avançava. Na Chave 1, a Polônia deixou União Soviética e Bélgica para trás; No grupo 2, a Alemanha passou preterindo Inglaterra e a dona da casa Espanha. No grupo 4, a França não deu chances para surpresas por parte de Áustria e Irlanda do Norte. Mas a chave mais equilibrada era a 3, que tinha Brasil, Itália e Argentina. Na primeira partida, os Italianos derrotaram os Argentinos por 2 x 1. Na segunda partida da chave, o Brasil venceu a Argentina por 3 x 1, com gols de Zico, Serginho e Junior para os Brazucas, e Diaz para os Hermanos. Com isto, a vaga ficava entre Brasil e Itália, que decidiriam na última rodada quem avançaria para a Semi-Final.
Quatro anos antes, Brasileiros e Italianos haviam feito a decisão do terceiro lugar na Copa da Argentina, vencida pelo Brasil. Numa daquelas ironias do destino a grande figura da partida, seria justamente o jogador que ficou ameaçado de não disputar o torneio: Paolo Rossi. Foi ele quem abriu o placar para a Itália, logo no começo do jogo. Alguns minutos depois, Sócrates empatou para o Brasil. Mas, aos 25 minutos da primeira etapa, Rossi, aproveitou uma falha tremenda de Cerezo, para colocar novamente a Itália na frente. No segundo tempo, Falcão marcou um golaço, que dava o empate ao Brasil, que só precisava disto para seguir em frente. Mas o jogo não era de Falcão, nem do Brasil, era de Rossi: ele fez o terceiro gol, que daria a vitória à Itália. Oscar, quase empatou para o Brasil no final do jogo, mas o experiente goleiro Dino Zoff da Itália salvou em cima da Linha, eliminando de vez aquele marcante Brasil da Copa.
Mesmo sem o Brasil, a Copa teria sequência. Nas semi-finais, a Itália eliminaria a surpreendente Polônia, vencendo por 2 x 0. A sua adversária na decisão foi a Alemanha, que venceu a França em uma das mais sensacionais partidas da História da Copa do Mundo. Littbarski abriu o placar para os alemães, mas o Craque Michel Platini empatou para a França. O jogo foi para a prorrogação, e lá os Franceses abriram 3x1. Contudo, os sempre valentes alemães não se deram por vencidos, e foram para cima, conseguindo o empate, com gols de Rummenigge e Fischer, e posteriormente triunfaram nas penalidades.
Na Decisão, no Estádio Santiago Bernabeú, em Madrid, a Itália saiu campeã, vencendo por 3 a 1. Paolo Rossi, após assistência de Claudio Gentile, Marco Tardelli, após assistência de Gaetano, Scirea e Alessandro Altobelli marcaram para a Itália; Paul Breitner ainda descontou para a Alemanha, em partida apitada pelo Árbitro Brasileiro Arnaldo César Coelho.
Resultados da Copa do Mundo de 1982:
Grupo A
14/06 - Itália 0 x 0 Polônia - Estadio Balaicos
15/06 - Camarões 0 x 0 Peru - Estadio Riazor
18/06 - Itália 1 x 1 Peru - Estadio Balaidos
19/06 - Camarões 0 x 0 Polônia - Estadio Riazor
22/06 - Polônia 5 x 1 Peru - Estadio Riazor
23/06 - Itália 1 x 1 Camarões - Estadio Balaidos
Grupo B
16/06 - Argélia 2 x 1 Alemanha Ocidental - Estadio El Molinon
17/06 - Áustria 1 x 0 Chile - Estadio Carlos Tartiere
20/06 - Alemanha Ocidental 4 x 1 Chile - Estadio El Molinon
21/06 - Áustria 2 x 0 Argélia - Estadio Carlos Tartiere
24/06 - Argélia 3 x 2 Chile - Estadio Carlos Tartieri
25/06 - Alemanha Ocidental 1 x 0 Áustria - Estadio Balaidos
Grupo C
13/06 - Bélgica 1 x 0 Argentina - Estadio Nou Camp
15/06 - Hungria 10 x 1 El Salvador - Estadio Nuevo
18/06 - Argentina 4 x 1 Hungria - Estadio Jose Rico Perez
19/06 - Bélgica 1 x 0 El Salvador Estadio Nuevo
22/06 - Bélgica 1 x 1 Hungria - Estadio Nuevo
23/06 - Argentina 2 x 0 El Salvador -Estadio Jose Rico Perez
Grupo D
16/06 - Inglaterra 3 x 1 França - Estadio San Mames
17/06 - Tchecoslováquia 1 x 1 Kuwait - Estadio Jose Zorilla
20/06 - Inglaterra 2 x 0 Tchecoslováquia - Estadio San Mamés
21/06 - França 4 x 1 Kuwait Estadio Jose Zorilla
24/06 - Tchecoslováquia 1 x 1 França - Estadio Jose Zorilla
25/06 - Inglaterra 1 x 0 Kuwait - Estadio San Mamés
Grupo E
16/06 - Honduras 1 x 1 Espanha - Estadio Luis Casanova
17/06 - Irlanda do Norte 0 x 0 Iugoslávia - Estadio La Romereda
20/06 - Espanha 2 x 1 Iugoslávia - Estadio Luis Casanova
21/06 - Honduras 1 x 1 Irlanda do Norte - Estadio La Romereda
24/06 - Iugoslávia 1 x 0 Honduras - Estadio La Romereda
25/06 - Irlanda do Norte 1 x 0 Espanha - -Estadio Luis Casanova
Grupo F
14/06 - Brasil 2 x 1 União Soviética -Estadio Sanchez Pizjuan
15/06 - Escócia 5 x 2 Nova Zelândia - Estadio La Rosaleta
18/06 - Brasil 4 x 1 Escócia - Estadio Benito Villamarin
19/06 - União Soviética 3 x 0 Nova Zelândia - Estadio La Rosaleda
22/06 - Escócia 2 x 2 União Soviética - Estadio La Rosaleda
23/06 - Brasil 4 x 0 Nova Zelândia - Estadio Benito Villamarin
SEGUNDA FASE
Grupo 1
28/06 - Polônia 3 x 0 Bélgica - Estadio Nou Camp
01/07 - União Soviética 1 x 0 Bélgica - Estadio Nou Camp
04/07 - Polônia 0 x 0 União Soviética - Estadio Nou Camp
Grupo 2
29/06 - Inglaterra 0 x 0 Alemanha Ocidental - Santiago Bernabeu
02/07 - Alemanha Ocidental 2 x 1 Espanha - Santiago Bernabeu
05/07 - Inglaterra 0 x 0 Espanha - Santiago Bernabeu
Grupo 3
29/06 - Itália 2 x 1 Argentina - Estádio Sarriá
02/07 - Brasil 3 x 1 Argentina Estádio Sarriá
05/07 - Itália 3 x 2 Brasil - Estádio Sarriá
Grupo 4
28/06 - França 1 x 0 Áustria Estádio - Vicente Calderon
01/07 - Áustria 2 x 2 Irlanda do Norte - Vicente Calderon
04/07 - França 4 x 1 Irlanda do Norte - Vicente Calderon
Semifinal
08/07 - Itália 2 x 0 Polônia - Estadio Nou Camp
08/07 - Alemanha Ocidental 3 x 3 França - Estadio Sanchez Pizjuan
* após empate no tempo normal e na prorrogação, a Alemanha venceu nos penais por 5x4.
Disp. 3o. Lugar
10/07 - Polônia 3 x 2 França - Estadio Jose Rico Perez
FICHA TÉCNICA DA FINAL
11/7, Estádio Santiago Bernabéu, em Madri
Itália 3x1 Alemanha
Itália: Zoff; Collovati, Gentile, Scirea, Cabrini; Bergomi, Oriali, Tardelli; Conti, Graziani (Altobeli)(Causio), Paolo Rossi. Técnico: Enzo Bearzot.
Alemanha Ocidental: Schumacher; Briegel, Kaltz, Karl Forster, Bernd Forster; Stielike, Dremmler (Hrubesch), Breitner; Littbarski, Fischer, Rummenigge (Hansi Müller). Técnico: Jupp Derwall.
Gols: Paolo Rossi (ITA), aos 12, Tardelli (ITA), aos 24, Altobelli (ITA), aos 36 e Breitner (ALE), aos 38 minutos do 2º tempo.
Árbitro: Arnaldo César Coelho (BRA)
Auxiliares: Abraham Klein (ISR) e Vojtech Christov (TCH)
Cartões Amarelos: Conti e Oriali (ITA); Dremmler, Stielike e Littbarski (ALE)
Público: 90 mil espectadores
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