Grêmio, e o sonho de reconquistar a América

Grêmio FBPA



Campeão em 1983 e 1995, dez anos depois, o Grêmio volta à uma final de Copa Libertadores, e mais uma vez, terá como rival um argentino, como ocorreu contra o Boca Juniors de Riquelme, em 2007. Curiosamente, a outra das finais perdidas pelo Imortal de CL, também foi para um hermano: o Independiente, em 1984. Seria hora, de quebrar esta escrita?


Como já dito várias vezes, nos últimos dois anos, nenhum clube brasileiro jogou mais futebol que o Grêmio na média, ou apresentou um projeto tão sólido e interessante, quanto o Grêmio. Neste meio tempo, o Corinthians de Tite, e o Palmeiras de Cuca, por exemplo, foram os melhores em um determinado período, mas não foram tão regulares quanto o tricolor gaúcho. O Corinthians de Carille, e o Botafogo de Jair Ventura também foram muito sólidos por algum periodo, mas apresentaram instabilidades, consequências de expectativas criadas e geradas pelos torcedores, que erraram a mão na hora de cobrar depoia.

Ainda em meados de 2015, Roger Machado começou a implementar no Grêmio, uma filosofia de jogo mais elaborada, com propostas similares às das principais potências, e surpreendentemente conseguiu o fazer em pouco tempo. Roger sucedeu uma missão dada à Felipão anteriormente, e não sequenciada pelo veterano comandante. Sem a bola, o Grêmio de Roger alternava entre executar a marcação pressão com o quarteto de frente na saída de bola do rival, ou se fechar com as duas linhas de quatro muito próximas, com Douglas e Luan à frente da segunda linha, como atacantes. Com a bola, o time buscava tocar com profundidade e amplitude, e ao perder a pelota, executava marcação pressão na saída do rival, novamente. Mas faltavam mecanismos no ataque, ideias com a bola, algo que Renato trouxe.

O período de maior oscilação do Grêmio se deu no final da era Roger, mas após a chegada de Renato, tudo foi para o lugar. O clube conquistou a Copa do Brasil 2016, encerrando um jejum de 15 anos sem taças, e faz um 2017 fantástico. O Grêmio, chegou a lutar pelos títulos do Brasileirão e da Copa do Brasil 2017, onde foi semifinalista, caindo diante do campeão Cruzeiro nas semifinais, nos pênaltis. Em meio à isto, o Grêmio fez uma das melhores campanhas da fase de grupos da Libertadores, passou por Godoy Cruz, Botafogo e Barcelona-Equ no mata-mata, respectivamente, e está bem perto do tricampeonato da América.


A base do sucesso



Para analisar o Grêmio 2017, todo e qualquer preconceito com relação ao lado folclórico de Renato Portaluppi deve ser deixado de lado. O técnico faz  um ótimo trabalho no tricolor gaúcho, que é inegavelmente o melhor time do futebol brasileiro em 2017. Ele soube unir convicções suas aos elementos já padronizados por Roger Machado, durante o ano em que permaneceu na Arena.
O Grêmio quase sempre partia no primeiro semestre de um 4-2-3-1, com Ramiro na extrema-direita, Pedro Rocha pela esquerda, e Luan na mediapunta, por trás de Barrios. Na ausência do paraguaio, Luan virava falso 9, como foi na maior parte do tempo com Roger. Barrios, assim como o volante Michel e o lateral-esquerdo Bruno Cortez, foi uma aposta da diretoria do Grêmio que deu muito certo. Após a venda de Pedro Rocha ao Spartak Moscou, Renato Portaluppi tem escalado Fernandinho pela extrema esquerda. Um ponta de amplitude, com pé natural, ao contrário do atleta vendido ao futebol russo. Por vezes, ele tem se embolado com Cortez, o lateral pelo setor, e uma correção nestes movimentos será fundamental para encarar o Lanús.


Com a bola, o Grêmio circuita o esférico. Sem ela, o time atua no 4-4-2 em linha, executa uma forte pressão ao adversário que tem a bola, ao mesmo tempo em que faz o recuo das suas linhas, geralmente bem compactas. A marcação é feita com encaixes individuais, com um jogador pegando o outro do adversário. Neste sentido, o time lembra o Palmeiras de Cuca, embora sem a mesma intensidade na pressão. Na defesa, Pedro Geromel e Kannemann dão segurança ao goleiro Marcelo Grohe, e formam a melhor dupla de zaga do Brasil. A transição defensiva é facilitada por conta dos próprios encaixes, e da pouca mutação no sistema no decorrer dos jogos.

Contudo, outros movimentos do Grêmio são muito modernos. A transição ofensiva começa com os zagueiros e sempre passa pelos volantes. Michel e Arthur (ou Maicon e Ramiro) começam a jogar com passes, e se associam com com os homens de frente e os laterais. A equipe joga com triângulos, que facilitam a circuitação da bola, e ajudam a abrir espaços nas defesas adversárias. Até mesmo Ramiro e os laterais atacam espaços, inclusive na diagonal, furando as defesas e gerando concessões por parte do adversário. Os sistemas de marcação do futebol brasileiro, dificilmente conseguem conter este tipo de jogada, por conta da ainda baixa evolução. Dificilmente o Grêmio deixa de criar situações de gol em um jogo.

Na América do Sul, logicamente, o Grêmio encontra projetos muito sólidos, e dificuldades contra rivais muito bem estabelecidos, como foi contra o Barcelona equatoriano, ou será contra o Lanús. Sim, se perder a final da Libertadores, o Grêmio pode terminar a temporada sem títulos. Mas não apagará o bom trabalho que tem sido feito na Arena, e que deve ter continuação em 2018, para a manutenção do sucesso.




Imagem: Grêmio

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